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Reporteres sem fronteiras

Proprietários da mídia

Os 50 veículos analisados pertencem a 26 grupos ou empresas de comunicação. Desses, todos possuem mais de um tipo de veículo de mídia e 16 possuem também outros negócios no setor, como produção cinematográfica, edição de livros, agência de publicidade, programação de TV a cabo, entre outros. Além disso, 21 dos grupos ou seus acionistas possuem atividades em outros setores econômicos, como educação, financeiro, imobiliário, agropecuário, energia, transportes, infraestrutura e saúde. Há ainda proprietários que são políticos ou lideranças religiosas.

Banco de dados

Cinco grupos ou seus proprietários individuais concentram mais da metade dos veículos: 9 pertencem ao Grupo Globo, 5 ao Grupo Bandeirantes, 5 à família Macedo (considerando o Grupo Record e os veículos da IURD, ambos do mesmo proprietário), 4 ao grupo de escala regional RBS e 3 ao Grupo Folha. Outros grupos aparecem na lista com dois veículos cada: Grupo Estado, Grupo Abril e Grupo Editorial Sempre Editora/Grupo SADA. Os demais grupos possuem apenas um veículo da lista. São eles: Grupo Sílvio Santos, Grupo Jovem Pan, Grupo Jaime Câmara, Diários Associados, Grupo de Comunicação Três, Grupo Almicare Dallevo & Marcelo de Carvalho, Ongoing/Ejesa, BBC – British Broadcasting Corporation, EBC – Empresa Brasil de Comunicação, Publisher Brasil, Consultoria Empiricus, Grupo Alfa, Grupo Mix de Comunicação/Grupo Objetivo, Igreja Renascer em Cristo, Igreja Adventista do Sétimo Dia, Igreja Católica/Rede Católica de Rádio e INBRAC – Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã.

Os grupos nacionais de comunicação listados no MOM-Brasil possuem também relações de afiliação com grupos regionais de mídia. Em outras palavras, a grande audiência alcançada por grande parte dos veículos, principalmente os de TV, rádio e, em menor quantidade, dos portais de notícias online, dependem dos contratos e parcerias estabelecidos com grupos regionais, que também são listados nos bancos de dados.

Outro ponto a ser destacado é que grande parte dos grupos pertencem a famílias que transmitem seus negócios – e suas concessões públicas, no caso de rádio e TV – para as gerações seguintes. Entre eles, há alguns bilionários listados pela revista Forbes (2017), como Roberto Irineu Marinho, José Roberto Marinho e João Roberto Marinho (Grupo Globo), Aloysio de Andrade Faria (Grupo Alfa) e ainda Carlos Sanchez e Lírio Parisotto (Grupo NC, que tem parceria com o Grupo RBS). Outros donos de mídia já estiveram na lista, como os irmãos Victor Civita Neto, Giancarlo Franceso Civita e Roberta Anamaria Civita (Grupo Abril), Edir Macedo (Grupo Record e IURD) e Sílvio Santos (SBT). Macedo foi o único a contestar as informações, dizendo que a revista confundiu suas propriedades pessoais com as da igreja.

Há ainda que se destacar que há políticos donos de mídia, inclusive de emissoras de rádio e TV, mesmo que a legislação brasileira proíba. Esses políticos são donos de emissoras afiliadas das redes nacionais. Nos grupos principais, o único político proprietário é Vittorio Medioli, prefeito de Betim, MG, pelo PHS. Dono dos jornais O Tempo e Super Notícia, Medioli tem como negócio principal o Grupo SADA, com empresas nos setores de transporte, armazenagem, logística, energia, entre outros.

Os interesses dos grupos impedem a existência de uma pluralidade de vozes, o embate de opiniões e a coexistência de valores e visões de mundo diferentes. A mídia brasileira de maior audiência é controlada, dirigida e editada, em sua maior parte, por uma elite econômica formada por homens brancos.

Entre os fundadores dos grupos, há apenas uma mulher, Sônia Hernandes, que fundou a Igreja Renascer em Cristo ao lado do marido, Estevam Hernandes. Entre os fundadores de veículos, há três mulheres: novamente Sônia Hernandes (Rede Gospel), Márcia Poole (BBC Brasil) e a diretora de estratégias Carla Sá, que fundou o portal IG ao lado do empresário e publicitário Nizan Guanaes, o empresário Jorge Paulo Lemann, o jornalista Matinas Suzuki Jr. e o cientista da computação Demi Getschko. Entre os CEOs, há apenas seis mulheres, controlando oito dos 50 veículos. Já como editoras-chefe, há oito mulheres, responsáveis por oito veículos.

Entre os sócios-controladores dos veículos, a diferença permanece: são proprietárias com número considerável de ações e cargos importantes nos grupos a bispa Sônia Hernandes; as filhas de patriarcas que não tiveram filhos homens ( duas das cinco filhas de Sílvio Santos, dono do SBT, e as duas filhas de Vittorio Midioli, do Grupo SADA); Isabel Rocha dos Santos, a mãe de Nuno Vasconcellos, que transferiu suas ações na tentativa de enfrentas os problemas financeiros de sua empresa Ongoing; e Roberta Anamaria Civita (vice-presidente da Fundação Victor Civita), que tem um terço das ações da holding da Abril ao lado de seus irmãos, que ocupam cargos mais altos no grupo, Giancarlo Civita (presidente do Conselho de Administração e da Abril Mídia) e Victor Civita Neto (membro do Conselho de Administração, presidente do Conselho Editorial da Editora Abril e presidente da Fundação Victor Civita).

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